Essa semana me lembrei da curva da mudança desenvolvida pela psiquiatra Suíça Kubler-Ross e originalmente conhecida por curva do luto.
Eu percebi uma mudança no mercado de desenvolvimento humano, evento que garantiu a minha introspecção por muitos dias.
Pensando em minha trajetória até aqui, me lembrei dos dias de atendimento com o coaching para os pacientes do hospital Borges da Costa, em BH, em que treinei alguns médicos, enfermeiros, nutricionistas para identificar qual a fase e o paciente estava vivendo. Me lembrei da importância que as perguntas certas para condução do cliente (nesse caso paciente) para que ele possa superar cada fase da mudança.
Não demorei a entender que agora era eu quem caminhando dentro dessa curva. Me descobrir dentro da própria curva, fez com que caminhasse nela com o seguinte objetivo em mente. O meu mercado mudou, e aí?
O conceito da curva da mudança foi criado como metodologia para aceitação de pacientes terminais e posteriormente usado na administração por líderes atentos a conduzir seus liderados para o último estágio da curva mudança.
A curva da mudança dentro das organizações
Para as organizações a curva da mudança se torna importante à medida que traz para a consciência o caminho a ser percorrido. Para os gestores e líderes, esse modelo é um ponto de partida para entender e suportar seus liderados nesse processo.
Para a empresa durante o processo de mudança, é possível aumentar a performance e energia e diminuir o tempo em cada fase, gerando mudança no tempo em que as emoções serão sentidas e de fato superadas.
No futuro, sabemos que única constante será a mudança. Para se adaptar e aprender a influenciá-la é preciso entender, saber o que faz a mudança das etapas e treinar a lidar com as emoções que surgem.
As 5 fases da mudança

O modelo é composto de 5 fases:
Fase 1
Choque e Negação: É a primeira etapa no modelo e pode ter curta duração. Esta é uma fase em que um mecanismo de defesa temporário é acionado e faz com que algumas notícias levem um certo tempo para processar. Esse mecanismo é acionado quando recebemos algumas notícias específicas de uma realidade perturbadora. Nesta fase a pessoa pode não querer acreditar no que está acontecendo com ela. Isso pode provocar uma diminuição na produtividade e a capacidade de pensar e agir. Após o choque inicial passar, pode-se experimentar negação e a pessoa pode permanecer focada no passado. Algumas pessoas tendem a permanecer no estado de negação por um tempo maior e podem perder o contato com a realidade.
Como intervir nessa fase
O choque pode trazer imobilização. Opções simples de avanço nessa fase é falar, escrever, caminhar, correr ou sentir (frio e quente).
Para a negação é preciso fazer com que a pessoa saia da dor. Para isso trazer a percepção sobre si mesmo e o contexto pode ajudar. Nas sessões fazemos exercícios de posições perceptivas ou a linha do tempo, contextualizado a situação.
FERRAMENTAS QUE PODEM SER USADAS POR COACHES: andar, falar e respiração. espelho, posições perceptivas e a linha do tempo.
Fase 2
Raiva: quando a realização finalmente atinge, e alguém entende a gravidade da situação, pode ficar bravo e pode buscar culpados. A raiva pode ser manifestada ou expressa de muitas maneiras. Pode se direcionar a raiva a si mesmo ou para outros à sua volta. Enquanto alguns podem manifestar a raiva de forma geral, outros podem culpar a economia. Alguns tendem a permanecer irritados, frustrados e com alguma agressividade durante esta fase.
Como intervir nessa fase
Dar vazão a raiva em um ambiente controlado. Expressão e resgate do autocontrole são muito importantes aqui.
FERRAMENTAS QUE PODEM SER USADAS POR COACHES: respiração, socar fisicamente almofadas, troca de papéis e linha do tempo.
Fase 3
Barganha/Negociando: quando o estágio da raiva desaparecer, pode-se começar a pensar em maneiras de adiar o inevitável e tentar descobrir o melhor que resta na situação. Aqueles que não são confrontados pela morte, mas por outro trauma, podem tentar negociar a situação e chegar a um ponto de compromisso (nunca mais faço isso, ou aquilo, por exemplo). A negociação pode ajudar a chegar a uma solução sustentável e pode trazer algum alívio para aqueles que se aproximam do que desejam evitar. A busca de um resultado diferente ou menos traumático pode permanecer durante um tempo neste estágio.
Como intervir nessa fase
Perguntas de superação, suporte, provocar o senso de realidade são ações extremamente importante para superação dessa fase.
FERRAMENTAS QUE PODEM SER USADAS POR COACHES: patrocínio positivo, perguntas de superação e pergunta milagre.
Fase 4
Depressão: a depressão é um estágio em que a pessoa tende a sentir tristeza, medo, arrependimento, culpa e outras emoções negativas. Nesta fase é preciso cuidado para não se desistir completamente de tudo. Nesta fase pode se ter a impressão de chegar a um beco sem saída. Pode-se mostrar sinais de cansaço, reclusão, afastar-se dos amigos e excitação por qualquer coisa que aconteça em sua vida. Isso pode parecer o ponto mais baixo da Curva da Mudança (e é sempre um motivo de preocupação), sem nenhum caminho a seguir. Alguns sinais comuns de depressão incluem tristeza, baixa energia, sensação de desmotivação, perda de confiança.
Como intervir nessa fase
Resgate da autoestima, autoconfiança, do papel social e da assertividade
FERRAMENTAS QUE PODEM SER USADAS POR COACHES: patrocínio positivo, perguntas de superação e pergunta milagre.
Fase 5
Teste e aceitação
Nesta fase após passar por toda a curva, as pessoas percebem que lutar contra a mudança que está entrando em sua vida não vai fazer a dor desaparecer, elas renunciam à situação e aceitam completamente. A atitude resignada pode não ser a luz no fim do túnel, mas é aquela em que a pessoa pode parar de resistir à mudança e avançar com ela. Começam então os testes e as experimentações testado novas alternativas que a levam direto para a aceitação.
Como intervir nessa fase
Elevar a autoestima, receber oportunidades e ressignificar o processo são as ações necessárias nessa fase
Perguntas de superação, suporte, provocar o senso de realidade são ações extremamente importante para superação dessa fase.
FERRAMENTAS DE COACHES: reframe, patrocínio positivo, roda da vida, 4 arquétipos, perdas e ganhos e as constelações sistêmicas.
A maior contribuição deste modelos nos dias atuais
Se quisermos que alguém avance pela curva, devemos fazer as perguntas certas que levam a pessoa se movimentar entre as fases. No entanto, ao meu ver, o conteúdo mais relevante nesse modelo para o momento de hoje e para o futuro, é entender que estamos caminhando para um mundo de mudanças constantes e por isso saber lidar com as mudanças, requer também saber mudar, sentir, entender, ter consciência e escolher como agir frente as emoções, dentro de cada fase da curva.